domingo, 13 de maio de 2012

NOSSA PARATLETA LENI LIMA É HOMENAGEADA PELO PORTAL NE10


 Mudanças nos passos e força na mente 

Leni Lima é mãe do João Vitor, de 12 anos. Em casa, faz tudo, desde a limpeza do espaço onde mora, no bairro José Walter, em Fortaleza, até todo o ritual maternal no cuidar do filho, como a atenção aos deveres de casa. Há quatro anos, ela realiza os afazeres sentada em uma cadeira de rodas.
Aos 15 anos, foi diagnósticada com "Charcot-Marie-Tooth". A doença genética atinge os nervos periféricos e, aos poucos, atrofia a musculatura das mãos e braços ou pés e pernas. Não há perda dos movimentos, mas o corpo fica sem a sustentação da musculatura. No caso de Leni, a doença foi gradativa. Aos 31 anos, com um filho de sete para criar e sem o marido que havia deixado a casa, Leni precisou se reinventar.
"Não vou dizer que foi fácil. Eu sabia o que era andar, o que era ter pernas para ir aos lugares. Mesmo na época em que eu já começava a perder a força nas pernas e mancava, eu ainda podia sair para resolver minhas coisas", afirma.
Mesmo com as dificuldades da nova situação, Leni não se deixou abater. "Nos momentos difíceis, eu olhava para meu filho e encontrava forças para seguir em frente". Para ela, mãe é querer sempre bem, cuidar e procurar sempre o melhor para os filhos, não importando a condição.
Ela acredita que as dificuldades que enfrentou nos últimos quatro anos serviram não só para ela, mas para a educação do filho. "Eu sei que meu filho conhece uma realidade que não é a dele. Muitas vezes é necessária uma maturidade dele que normalmente um garoto de 12 anos não precisaria ter, mas sei também que tudo que passamos vai fazer dele um adulto melhor", confia.
A vivência com a deficiência da mãe fez João Vitor ver o mundo com outros olhos. "Vejo muita coisa com pessoas que andam de cadeira de rodas que não era para acontecer. Falta de respeito mesmo, como, por exemplo, estacionarem nas vagas reservadas ou mesmo motoristas de ônibus dizerem que o elevador para deficiente não está funcionando só para não precisar levar o cadeirante", diz o garoto.
Segundo Leni, o apoio para seguir adiante também veio da outra mulher que ela encontrou dentro de si a partir dos problemas que enfrentara. Hoje até afirma que ser cadeirante mudou para melhor a vida. Leni voltou a estudar e hoje cursa o pré-vestibular para ingressar em uma universidade – quer cursar publicidade e propaganda. Além disso, faz parte do único time feminino cadeirante de basquete no Nordeste e pratica dança de salão voltada para cadeirantes. "Tudo isso me fez ser uma mulher e uma mãe muito melhor", diz.

NORDESTE // DIA DAS MÃES

Toque especial: o carinho de mães que superam limitações

Publicado em 11.5.2012, às 17h30



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